terça-feira, 20 de maio de 2014

A BORRACHA E O CTRL+Z


Como é bom desfazer nossas ações com um simples clique. Este nos dá a chance de voltar alguns segundos no tempo e modificar o que havíamos feito equivocadamente, uma mudança de rumo para aquela ação, ou ainda, simplesmente, não realizá-la mais. É tudo tão fácil, acessível, moderno. Já me peguei olhando para os lados a procura de uma borracha para deletar (ops!), quero dizer, apagar o que eu acabara de escrever erroneamente e imaginar que seria muito mais prático trocar o papel pela tela, e dar um rápido Ctrl+Z para consertar o feito.

Certo dia estava escrevendo uma carta para minha mãe - aquela mesma, que precisa ser selada e colocada numa caixa dos correios. Estava próximo do segundo domingo de maio e, como não poderia estar ao seu lado naquela ocasião tão especial, escrevi.


A comunicação estabelece uma relação direta quando realizada com sentimento, com veracidade. Minha mãe, assim como tantas outras, reconhece a caligrafia do filho logo nas primeiras letras. Bem, será que realmente ainda existe a possibilidade de reconhecer mesmo, já que tudo é feito virtualmente? Talvez agora elas digam assim: 'meu filho não costuma usar esta fonte arial para escrever'.

Bom, reconhecendo ou não, de que forma for, sabe-se que ali encontra-se uma identidade, feito para ela, única e repleta de significados afetivos. Ao escrever, transferi para o papel como a vejo, através da nossa relação de convivência, por conhecê-la bem e, principalmente, por nutrir afeto genuíno. Trata-se de uma comunicação verdadeira, sincera, que mexe com quem a emite e demasiadamente com quem a recebe.


Traduzir estes significados é o grande desafio de quem trabalha com identidades visuais, com programação visual, com mensagens. Encontrei ali no papel, numa pequena carta, a forma ideal de falar com minha mãe. A forma que nos une, que ela gosta, sente e entende. Poderia ter sido na tela, é claro, hoje rimos e choramos na frente de um computador, encurtando longas distâncias, resolvendo problemas, pedindo pessoas em casamento e até casando de fato. A questão é saber como e em que suporte será realizada a comunicação.

Mas escreva uma carta de vez em quando, que seja um pequeno bilhete, mesmo que você perca tempo procurando por uma borracha. É bom lembrar que ainda somos humanos de vez em quando.


Abraços!

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