domingo, 9 de setembro de 2012

O DESIGN E A SUA AUDIÊNCIA

Estive no evento de design Insert Brasil (insertbrasil.com), no dia 08 de setembro, no Rio de Janeiro e me deparei com uma questão: em meio a palestras, workshops e outras atividades paralelas, será que haveria comunhão entre a audiência repleta de jovens alunos e a área da docência? Gostaria de ter escutado de algum palestrante, antes de iniciar sua exposição, o questionamento: para quantos professores eu estou falando? Vejo que o fato de estar envolvido com o curso de pós-graduação em 'docência superior' me leva a pautar isso num evento cujo propósito não perpassa integralmente pelo âmbito acadêmico e sim com ênfase na apresentação de portfolios. Talvez eu esteja sendo exigente demais.

A presença da ADG (Associação dos Designers Gráficos) aproximou-se daquilo que eu estava interessado, sob a responsabilidade de Henrique Nardi e Mariana Ochs, pois passeou pelo universo acadêmico ao apresentar o tema 'Tipografia editorial' como numa daquelas aulas que dão prazer de assistir e que motivam a estudar mais sobre o assunto. Gostei bastante da expressão "a tipografia está trabalhando aqui". Evidente que houve menções aos trabalhos do renomado escritório Modesign, da própria Mariana. Pena que o tempo disponibilizado para eles foi muito curto e a atenção da audiência ainda estava dispersa, o que se revelou em muitas cadeiras vazias. 

Outro que seguiu o mesmo caminho, mas numa apresentação mais "cabeça", como o próprio autor disse antes de iniciar o tema 'Branding e Cultura', foi André Stolarski. Logo em suas primeiras palavras, deixara claro que o que veríamos se distanciaria bastante das exposições baseadas em portfolios (embora tenha dado uma leve e rápida pincelada nos projetos da Tecnopop, empresa da qual é sócio), talvez por isso algumas pessoas foram saindo ao longo da palestra, o que me levou a pensar que "reflexões" ainda causam desconforto. Será? Considero André um grande 'pensador', além de um profissional atuante na prática do design em diferentes áreas. Este, dispensa comentários. Quem saiu, perdeu muito. 

Não posso deixar de registrar aqui os ótimos mini-cases apresentados, principalmente da 'Redley' (desenvolvido pelo Studio Epa! com ênfase na cultura jovem e portanto, target bastante mutável) e dos projetos de 'memória cultural digital' (desenvolvido pelo Studio Caos para grandes acervos de Oscar Niemeyer, Lucio Costa e a obra Guerra&Paz de Portinari). Ambas as apresentações com abordagens inteligentes sobre a importância da cocriação com o cliente, a maneira de entender o público, realizar ações direcionadas e o propósito para o qual se destina o projeto.

Um evento interessante, num antigo e reformado armazén de 1871, na zona portuária da cidade, cuja grandiosa e bela arquitetura se mostrou protagonista tanto quanto os renomados nomes que lá estiveram. Infelizmente não pude comparecer no segundo dia. Que este jovem grupo de designers, responsáveis pela organização do Insert, continue nesta jornada, aprimorando e adequando-se as grandes discussões que permeiam o ensino e a prática do design.

Abraços!