sábado, 2 de outubro de 2010

CINE HQ



Acredito que todos nós - em algum estágio da vida - já tivemos em mãos, alguma história em quadrinhos. De Maurício de Souza e Ziraldo aos X-MEN, mangás, tirinhas de jornal, livros de cursos de inglês ou mesmo aquelas cartilhas de posto de saúde, não importa, os quadrinhos sempre estiveram por aí, como entretenimento, função social ou simplesmente como um disseminador de cultura. Hoje, vemos que este meio vem ganhando força e extrema relevância - assim como os livros - numa área sempre sedenta, por vezes carente, de novas ideias: o cinema.

Muitas vezes não nos damos conta de que aquele filme em cartaz, foi produzido a partir de uma HQ. Temos alguns exemplos, recentes ou não, desta invasão que já não é, para muitos, nenhuma novidade. Sin City (de Robert Rodriguez baseado na obra de Frank Miller); 30 dias de noite (de David Slade baseado na obra de Steve Niles e Ben Templesmith); Hellboy (de Guilhermo Del Toro baseado na obra de Mike Mignola); Estrada para perdição (de Sam Mendes baseado na obra de Max Allan Collins e Richard Piers Rayner); Substitutos (de Jonathan Mostow baseado na obra de Robert Venditti e Brett Weldele); V de vingança (de James McTeigue baseado na obra de Alan Moore); Constantine (de Francis Lawrence baseado no personagem criado por Alan Moore); Watchmen (de Zack Snyder baseado na obra de Alan Moore e Dave Gibbons); o badalado Avatar (de James Cameron) envolvido em polêmica sobre um possível plágio de uma HQ da Marvel (Timespirit, de 1984); e até 'A origem', de Christopher Nolan, comparado a uma história do Tio Patinhas. Dá uma olhada nisso:

E ainda sobre o filme de Nolan, antes do seu lançamento foi publicada no site oficial, uma HQ que ajuda a entender o início da trama. Um episódio que antecede a ação do longa. Veja a matéria no G1:

Já andei lendo que a graphic novel 'Y-O último homem', de Brian Vaughan e Pia Guerra (vencedores de três prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos, como melhor série) tem tudo para fazer parte desta filmografia. Uma obra excelente, diga-se de passagem, já lançada aqui no Brasil. Indico sem medo de errar!

Nem sempre as adaptações são dignas de aplausos, vale registrar, criticadas pelos próprios criadores (Alan Moore que o diga) por não serem fiéis aos originais, principalmente quando estes possuem muitos fãs. Mas a verdade é que trata-se de um universo repleto de conteúdo cinematográfico, e que em boas mãos, renderão grandes filmes. Definitivamente, não se pode negar. E há muito ainda por vir. Não medirei palavras para dizer que grandes roteiros estão fragmentados em quadrinhos. Aliás, não só estes, mas indicações para a fotografia e demais elementos que compõem uma cena. Esta tudo ali!

Lembro-me de ter ido a uma palestra na FNAC Rio, há alguns anos, cuja pauta, entre outros assuntos, era o uso das HQs como canal de testes para os grandes estúdios de Hollywood. Um verdadeiro laboratório para roteiristas e personagens. Poderiamos dizer então que editoras e artistas são um dos centros catalizadores de ideias para uma indústria tão forte como a americana, que vem apostando constantemente em sequências e remakes? Penso que não só Hollywood, mas qualquer produção ao redor do mundo deveria olhar com bastante atenção para o universo das HQs. No Brasil, por exemplo, existem ótimos artistas e roteiristas criando obras interessantíssimas, como Gabriel Bá, Fábio Moon e Rafael Grampá, com uma estética visual que faz sucesso mundialmente; André Diniz e Antônio Eder, com uma abordagem a valorizar a história e personagens essencialmente brasileiros, dentre outros. Espero vê-los, algum dia, numa sala de cinema. Quadrinhos não é sinônimo de histórias de super-heróis. É muito, mas muito mais que isso!

Então, quando você estiver em busca de um certo filme, talvez seja melhor frequentar uma banca de jornal primeiro. Aquele que pensou em ver, pode estar lá, em quadrinhos.

Deixo aqui alguns links para ilustrar e oferecer mais informações sobre o assunto. Divirtam-se!

Abraços!