sexta-feira, 30 de julho de 2010

DEIXE O BRANCO SER BRANCO



É comum ver pessoas sensíveis ao branco. Causa desconforto. E são muitas. Talvez você seja assim, como já fui um dia. Não falo daquele efeito causado por uma forte incidência de claridade ou algo do gênero. Falo do branco como parte de uma criação com objetivo claro e definido. O que muitos profissionais chamam de 'branco conceitual'. Ele é visto como 'ausência' e, de fato, realmente é, mas esta tem uma razão de ser, mesmo que questionada.

Não se trata de preguiça ou 'inadimplência criativa' do designer, trata-se de uma aplicação consciente para que a mensagem seja absorvida sem interferências ou excessos. Já ouvi muitos dizerem que se estão pagando por um trabalho, como aceitar uma página vazia? Querem uma solução criativa, hora! Retruco então: e quem disse que não é? Para se destacar em meio a tanta informação, num caos de cores e textos, com o objetivo de chamar a atenção, o vazio fala mais alto. Evidente que, se for levado ao pé da letra, e você deve ter pensado nisso, não haveria necessidade de um processo de criação, sendo sempre a alternativa mais acessível. Isso é verdade. Se não existe uma boa justificativa, joga no 'branco conceitual'! Essa é exatamente a diferença entre os que desenvolvem com conceito e aqueles que o usam como subterfúgio.

Lembro-me agora do poster do filme Scarface, imortalizado por Al Pacino. Um legítimo branco clássico! Temos a revista 'vida simples', da editora abril, como um excelente exemplo de projeto gráfico que 'abraça' o branco de forma que este encontra-se intrinsicamente no propósito da publicação. Desde a singela imagem contida na capa até a última linha da última página, a revista deixa explícito que cada elemento alí é fruto de um processo bem estruturado. E o branco é aquele que se destaca por destacar os outros. Ainda podemos encontrar diversos exemplos, basta dar um passeio pela banca mais próxima ou em lojas como a tok&stok. Acredito que exista uma tendência quanto a essa linha de design, e isso não se restringe ao mercado editorial.
Vamos deixar que o branco seja mais que apenas o fundo do papel!

Abraços